sexta-feira, 3 de julho de 2015

MOVIMENTOS SOCIAIS: ANARQUISMO E BLACK BLOCS

Disponível em http://g1.globo.com

“Por que ser um Black bloc? Ao viver a tática radical, sem hierarquia e descentralizada, jovens alcançam sensações de libertação e fortalecimento”.

As roupas negras e as máscaras utilizadas pelos grupos visam esconder os participantes e dificultar sua identificação pelas autoridades. A estratégia também faz com que eles se unifiquem, criando a impressão de uma só massa.
Entre os preceitos pregados, está a destruição de propriedade, como forma de protesto e de chamar a atenção para suas posições. Sedes de empresas que costumam apoiar os governos contra os quais se protesta costumam ser alvo, assim como bancos, por sua relação com o capitalismo – a essência do movimento é anticapitalista.
Por se tratar de uma estratégia, o grupo não é unificado – em um mesmo protesto é possível haver várias aglomerações de Black Blocs, seguindo os mesmos preceitos, mas com táticas diferentes.
No Egito, os militantes se definem como "uma geração que descende do sangue dos mártires" da mobilização popular de 2011, que obrigou Hosni Mubarak a abandonar a presidência do país, depois de ter ocupado o cargo durante três décadas.
"As revoluções não são feitas com água de flor de laranjeira, mas com sangue", dizem,  afirmando serem "potenciais mártires".
Apesar de suas raízes remontarem aos movimentos autonomistas da Alemanha da década de 80 – voltados para uma oposição direta à burocracia – a tática blackbloc (que deve seu nome à mídia e à polícia alemã) apenas entra de fato na vida da América do Norte e da Europa na virada para o século XXI. Desde então, vem se tornando uma característica comum em protestos e distúrbios que se estendem do Oriente Médio à América do Sul. Sua atuação independe da posição geográfica. Afinal, como afirmam seus militantes, trata-se de um confronto contra forças de repressão global.
Essa tensão emergiu, por exemplo, no movimento Occupy Wall Street (2011). E nos protestos de rua brasileiros, os gritos de "sem vandalismo" são muitas vezes desafiados por um coro de "sem moralismo!". As táticas dividem a opinião pública e se voltam contra a maioria daqueles que não acreditam em violência de nenhum tipo, incluindo a destruição de propriedades. Além disso, os blackblocs são muito criticados por sua composição étnica e social: uma maioria masculina e branca de garotos provenientes da burguesia, entre 20 e poucos e 30 anos.
Referências:
TOLEDO, Edilene. Anarquismo e sindicalismo revolucionário: Trabalhadores e militantes em São Paulo na Primeira República. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2004
 Revista de História.com.br
- Veja.com

Para refletir:

A palavra anarquia, usada frequentemente para designar desordem e confusão, vem do grego e significa “sem governo”, isto é, o estado de um povo sem autoridade constituída. Do mesmo horizonte de significado nasce o anarquismo, doutrina política que prega que o Estado é nocivo e desnecessário e que existem alternativas viáveis de organização voluntária(Edilene Toledo - professora da Universidade Federal de São Paulo e autora de Anarquismo e sindicalismo revolucionário: Trabalhadores e militantes em São Paulo na Primeira República- Fundação Perseu Abramo, 2004).

Vandalismo (substantivo masculino)
1. ação própria dos vândalos ('povo'), que consiste em atacar produzindo ruína, devastação, destruição.
2. p.ext. ato ou efeito de produzir estrago ou destruição de monumentos ou quaisquer bens públicos ou particulares, de atacar coisas belas ou valiosas, com o propósito de arruiná-las.

 Considere o texto acima, as definições apresentadas, pesquise em outras fontes e responda: O movimento dos black blocs pode ser incorporado ao que a autora define como anarquismo ou não passa de vandalismo?

O Anarco Sindicalismo brasileiro na I República


Registro fotográfico da Greve de 1907
Disponível em http://www.brasilescola.com
A história do anarquismo no Brasil, ao longo das três primeiras décadas da República, relacionou-se, principalmente à sua vertente sindicalista. O anarco-sindicalismo era contrário a qualquer tipo de participação política institucional (parlamentar, eleitoral, partidário) em virtude de acreditar que o Estado, principalmente o burguês, é necessariamente corrupto e corruptor.
No Brasil, assim como em vários países da América Latina, o anarquismo foi, nas duas primeiras décadas do século XX, senão o predominante, uma das mais importantes correntes organizatórias do movimento operário a ponto de forçar o governo Afonso Pena a promulgar a Lei Adolfo Gordo (1907) que promovia a expulsão de estrangeiros envolvidos no movimento.
 
Disponível em http://blogdaboitempo.com.br/
Formada no interior de uma sociedade cujo setor econômico dominante é ainda o agro exportador, que irá desenvolver relações contraditórias com o setor industrial então emergente, a classe operária brasileira ainda compreende uma grande heterogeneidade étnica, cultural e de nacionalidades que a compõem: brasileiros brancos pobres, negros libertos ou descentes de escravos, mestiços, e imigrantes vindos principalmente da Europa (italianos, portugueses, espanhóis, franceses, alemães, poloneses entre os mais importantes) e, mais tarde, de outros continentes mais afastados, os japoneses. Citando Boris Fausto, vale lembrar que com os baixos salários do operariado nacional muitos pais se viram obrigados a mandar seus filhos para o trabalho nas fábricas, da mesma forma que as mulheres operárias já o faziam para complementar o orçamento familiar. Instigados fortemente pelo ideal da revolução russa de 1917, o movimento operário organizou greves  gerais entre 1917 e 1920, nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo. O intuito do movimento era a conquista da redução da carga horária para oito horas, o aperfeiçoamento e ampliação das leis de férias, dos salários mínimos e proteção às mulheres e aos menores. A forte repressão dada pela força policial, ordenada pelo governo de Arthur Bernardes, demonstrava que o barulho começava a estremecer as bases.
Referência bibliográfica: ADDOR, Carlos Augusto. “Anarquismo e movimento operário nas três primeiras décadas da república”. In: “História do Anarquismo no Brasil”, Vol. II. Rio de Janeiro: Achiamé, 2009.

Reflita:
Atualmente há discussões quem circulam na mídia e no âmbito político brasileiro acerca de mudanças nos direitos trabalhistas consolidados a partir da CLT e das reformas promovidas pela Constituição de 1988.

Quais seriam as principais características dessa legislação que estão sendo contestadas hoje em dia? Quais setores propõem mudanças na legislação trabalhista brasileira? São apenas empresários, ou setores do governo e operários também estão incluídos? Nos dias de hoje, o movimento sindical ainda teria a mesma força ou representatividade para mover os trabalhadores tal qual no início do século XX? 

Decreto nº 1.641, de 7 de Janeiro de 1907  (Lei Adolfo Gordo)

Providencia sobre a expulsão de estrangeiros do território nacional.
O Presidente da Republica dos Estados Unidos do Brasil:
Faço saber que o Congresso Nacional decretou e eu sanciono a seguinte resolução:
Art. 1º: O estrangeiro que, por qualquer motivo, comprometer a segurança nacional ou a tranquilidade publica, pode ser expulso de parte ou de todo o território nacional.
Art. 2º: São também causas bastantes para a expulsão: 1ª, a condenação ou processo pelos tribunais estrangeiros por crimes ou delitos de natureza comum; 2ª, duas condenações, pelo menos, pelos tribunais brasileiros, por crimes ou delitos de natureza comum; 3ª, a vagabundagem, a mendicidade e o lenocínio competentemente verificados.
Art. 3º Não pode ser expulso o estrangeiro que residir no território da Republica por dois anos contínuos, ou por menos tempo, quando:
a) casado com brasileira;
b) viúvo com filho brasileiro.
Art. 4º: O Poder Executivo pode impedir a entrada no território da Republica a todo estrangeiro cujos antecedentes autorizem incluí-lo entre aqueles a que se referem os arts. 1º e 2º.
Parágrafo único. A entrada não pode ser vedada ao estrangeiro nas condições do art. 3º, si tiver se retirado da Republica temporariamente.
Art. 5º: A expulsão será individual e em forma de ato, que será expedido pelo Ministro da Justiça e Negócios Interiores.
Art. 6º: O Poder Executivo dará anualmente conta ao Congresso da execução da presente lei, remetendo-lhe os nomes de cada um dos expulsos, com a indicação de sua nacionalidade, e relatando igualmente os casos em que deixou de atender á requisição das autoridades estaduais e os motivos da recusa.
Art. 7º: O Poder Executivo fará notificar em nota oficial ao estrangeiro que resolver expulsar, os motivos da deliberação, concedendo-lhe o prazo de três a trinta dias para se retirar, e podendo, como medida de segurança pública, ordenar a sua detenção até o momento da partida.
Art. 8º: Dentro do prazo que for concedido, pode o estrangeiro recorrer para o próprio Poder que ordenou a expulsão, se ela se fundou na disposição do art. 1º, ou para o Poder Judiciário Federal, quando proceder do disposto no art. 2º. Somente neste ultimo caso o recurso terá efeito suspensivo.
Parágrafo único. O recurso ao Poder Judiciário Federal consistirá na justificação da falsidade do motivo alegado, feita perante o juízo seccional, com audiência do ministério publico.
Art. 9º: O estrangeiro que regressar ao território de onde tiver sido expulso será punido com a pena de um a três anos de prisão, em processo preparado e julgado pelo juiz seccional e, depois de cumprida a pena, novamente expulso.
Art. 10: O Poder Executivo pode revogar a expulsão, se cessarem as causas que a determinaram.
Art. 11: Revogam-se as disposições em contrario.

Imprensa Anarquista Brasileira

Disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/Anarquismo_no_Brasil


Os primeiros jornais anarquistas apareceram no Brasil ainda no século XIX. Entre outros, temos “O Despertar”, de José Sarmento, “Golpe” e “Asgarda”, dirigidos por Mota Assunção, “La Bataglia” e “Avanti”, cuja responsabilidade cabia a Antonio Piccarolo, “A Lanterna” de Benjamim Mota, “O Grito del Pueblo”, de Valentim Diego, e “Anima e Vita” dirigido por Ernestina Lesina.
A maior parte desses veículos tinha em comum o ideal de sobreviver a partir de doações de seus leitores. Assim, evitariam ao máximo o uso de propagandas, a contrapartida dos veículos impressos da República, e angariariam fundos para mais e maiores edições. As doações também ajudariam a permanência no país dos editores desses jornais, na maior parte imigrantes (italianos principalmente, mas portugueses e espanhóis também se destacavam) vinculados ao movimento anarquista europeu.
O lento, mas progressivo, desenvolvimento das relações capitalistas no Brasil, acelerando a ascensão da burguesia e provocando o aumento quantitativo do proletariado, cada vez mais numeroso e agrupando-se em poucos centros ou áreas, acarretou no que se chamou, à época, de “questão social”.
 A formação tardia de um proletariado ainda com mentalidade camponesa constituiu um singular momento para a ação anarquista. O principal objetivo da impressa libertária era tanto espalhar aos cidadãos do Brasil os mal feitos da burguesia contra o operariado, como apresentar as reivindicações trabalhistas dos sindicatos (redução da carga horária, melhores salários e condições de trabalho), e divulgar as ideias revolucionárias vindas da Europa. Os anarquistas tiveram enorme participação na difusão da inquietação que vinham das greves gerais, ocorridas entre 1917 e 1920. Suas ações foram intensas, mesmo com as constantes invasões dos jornais pela polícia e apesar das seguidas deportações de seus editores, principalmente após a promulgação da Lei Adolfo Gordo, que estabelecia a expulsão de estrangeiros envolvidos em movimentos acusados de causar desordem ou baderna. 
Referência bibliográfica:
SODRÉ, Nelson Werneck. “Historia da Imprensa no Brasil”. Rio de Janeiro: Mauad Editora LTDA, 1998. pp. 306 – 323

Greve geral operária. Jornal A Batalha. nº1.139

Para reflexão:

No mundo de hoje, considerando a força das corporações multinacionais de mídia e a existência de inúmeros meios de se obter informação, ainda existe espaço para uma imprensa independente ou veículos como os jornais anarquistas do início do século XX não são mais possíveis?

A Revolta da Chibata



O Mestre Sala Dos Mares
(Aldir Blanc e João Bosco)

Há muito tempo, nas águas da Guanabara
O dragão do mar reapareceu
Na figura de um bravo feiticeiro
A quem a história não esqueceu

Conhecido como navegante negro
Tinha a dignidade de um mestre-sala
E ao acenar pelo mar na alegria das regatas
Foi saudado no porto pelas mocinhas francesas
Jovens polacas e por batalhões de mulatas

Rubras cascatas jorravam das costas dos santos 
Entre cantos e chibatas
Inundando o coração do pessoal do porão
Que, a exemplo do feiticeiro, gritavam então

Glória aos piratas! Às mulatas! Às sereias!
Glória à farofa! À cachaça! Às baleias!
Glória a todas as lutas inglórias
Que através da nossa história
Não esquecemos jamais
Salve o navegante negro!
Que tem por monumento, as pedras pisadas no cais.

Mas faz muito tempo...


 O vídeo acima apresenta a música “O mestre sala dos mares”, que reverencia João Cândido, líder da Revolta da Chibata, um movimento popular, mais precisamente de marinheiros que sofriam tratamentos humilhantes por parte de seus superiores e exigiam melhores condições de trabalho na Marinha brasileira.
Interessante é que durante a ditadura militar no Brasil (1964-1985), a letra da música foi censurada e os compositores foram obrigados a fazer as modificações que aparecem na letra acima.
Para refletir:
Compare as letras apresentadas acima e no vídeo e destaque as expressões que remetam ao fato histórico. Pesquise de que forma eram recrutados os marinheiros brasileiros durante a I República e informações acerca da vida de João Cândido, além dos motivos que teriam levado a censura da música durante a ditadura militar.

O Voto de Cabresto

Fonte da charge: STORNI. Careta, ano 20, n. 974, 19/2/1927

voto de cabresto foi muito recorrente na I República no Brasil. Significava a compra de votos, votar por troca de favores. Nesse processo, os grandes proprietários rurais, os “coronéis”, ensinavam seus trabalhadores a escrever apenas o próprio nome para que fosse possível que estes votassem nos candidatos de seus patrões. Essa prática era recorrente em áreas rurais, longe dos centros urbanos.

Para reflexão:


Será que no presente a prática do voto de cabresto existe apenas nos lugares mais afastados dos centros urbanos brasileiros? O que levaria a sua continuidade nos dias de hoje?

quinta-feira, 2 de julho de 2015

A I República no Brasil

Revista Illustrada - 9 de junho de 1888
República Velha, República do Café com Leite, República Oligárquica. São denominações comuns para as primeiras décadas do sistema republicano no Brasil (1889 a 1930).
Todas indicam características da história brasileira do período: o domínio político e econômico oligárquico, principalmente dos cafeicultores paulistas, apoiados por Minas Gerais, estado que possuía o maior colégio eleitoral; eleições marcadas pelo coronelismo e pelo voto de cabresto. Tais elementos ou práticas foram  alguns dos motivos para que os opositores do domínio oligárquico nomeassem o período como República Velha.

(Disponível em: http://sarahistoriams.blogspot.com.br/2011/04/velha-e-atual-republica.html)
Revista Illustrada



As próximas postagens apresentam momentos, processos ou eventos da I República no Brasil. Foram propostas por mim e por licenciandos de História da UERJ que realizam a disciplina de Estágio Supervisionado I no CAp neste semesre (2015.1) em turmas da 3a. série do ensino médio. Seus nomes: Moacir Ferreira Dias, Nilton Cesar da Silva, Roberta Senra, Rodrigo Glejzer e Valdir Gabriel de Lima. O objetivo: problematizar tais questões, propiciando oportunidades para comentários  propositivos dos alunos das turmas do CAp. Vamos ao trabalho! 

Para refletir: 

A Revista Illustrada foi uma publicação que circulou durante os anos de 1876 a 1898. Fundada por Angelo Agostini, no Rio de Janeiro, o veículo satirizava a política brasileira, participando de campanhas fundamentais do período como a abolicionista e a republicana.
Observe as charges acima e aponte que características da I República são sublinhados pela revista.

sábado, 23 de novembro de 2013

Vamos aprender nos divertindo.

A arte imitando a vida O filme “O Rato Que Ruge” é escrito num período marcado pela Guerra Fria, permeado por um clima de intensa instabilidade política. A película trata de um país imaginário, o Grão-Ducado de Fenwick, um “vasto” território de 25km de extensão que na estória é retratado como o menor país do mundo. Fenwick é conhecido pela produção de um vinho – motor de sua economia – cujo rótulo carrega o mesmo nome do país.
Quando um novo fabricante estadunidense faz sucesso pirateando a fórmula e o nome do vinho original, o menor país do mundo se sente ameaçado economicamente. A rainha de Fenwick decide junto aos seus conselheiros declarar guerra aos EUA, na intenção de perder a guerra em dois dias e receber ajuda financeira para reerguer o país. Desta forma, envia um exército de 20 homens “fortemente armados”, com arcos e flechas, a bordo de uma barcaça, que cruza o oceano e aporta em Nova York. Lá chegando, ocorre um problema inesperado: Fenwick ganha a guerra. O filme foi lançado em 1959 e é estrelado por Peter Sellers, ator e diretor britânico. A trama se desenvolve, tecendo críticas à instabilidade política da época, bem como as relações frágeis entre os governantes dos países e o armamento bélico de destruição em massa. (Exercício de co-participação dos licenciandos do IFCH/UERJ Bruno Batista Lima e Luciane Domingues)