O Brasil em meio a crise:
os anos 1930
A década de 1920 tinha trazido críticas ferrenhas aos fundamentos da república liberal brasileira. Os setores oligárquicos (agrário-exportadores) sofriam com os movimentos de oposição que vinham de fora (camadas médias urbanas, operários, militares de baixa patente, intelectuais e artistas) e de dentro do próprio grupo (as oligarquias dissidentes).
A esse contexto se une a crise internacional do liberalismo. Estava formado o cenário para eventos que modificariam muita coisa da sociedade brasileira.
Um dos historiadores responsáveis pela sistematização e interpretação desses acontecimentos é Boris Fausto. Em seu livro, A revolução de 1930: história e historiografia, publicado pela primeira vez em 1970, ele discute as explicações existentes à época acerca desse movimento e, ainda hoje, é utilizado como referência.
Veja parte da entrevista que o autor deu ao Centro de Pesquisa e Documentação da Fundação Getúlio Vargas (CPDOC/FGV), em 2010, quando se comemorou 80 anos da Revolução de 1930.
Além do conteúdo sobre os eventos daquele ano, perceba como se constrói a narrativa historiográfica sobre o passado. A objetividade possível, construída a partir das fontes, dos vestígios, que se abre a crítica, ao contraditório de seus pares, mas, que está marcada pelas questões de seu próprio tempo.
Identifique esses elementos. Reflita e nos brinde com os seus comentários.
Glossário
CEBRAP: O Centro Brasileiro de Análise e Planejamento foi fundado em 1969 por um grupo de professores
universitários, parte dos quais afastados das universidades pela
ditadura militar. Desde então o foco principal da instituição tem sido a
análise da realidade brasileira, através de pesquisas nos diversos
ramos das ciências humanas.
TEORIA DA DEPENDÊNCIA:
A Teoria da Dependência surgiu no
quadro histórico latino-americano do início dos anos 1960, como uma tentativa
de explicar o desenvolvimento sócio-econômico na região, em especial a partir
de sua fase de industrialização, iniciada entre as décadas de 1930 e 1940. Em
termos de corrente teórica, a Teoria da Dependência se propunha a tentar
entender a reprodução do sistema capitalista de produção na periferia, enquanto
um sistema que criava e ampliava diferenciações em termos políticos, econômicos
e sociais entre países e regiões, de forma que a economia de alguns países era
condicionada pelo desenvolvimento e expansão de outras.
Em um artigo clássico, A estrutura da Dependência, publicado em 1970 na
revista American Economic Review, Theotônio dos Santos conceitua a
dependência como sendo uma situação na qual a economia de certos países é
condicionada pelo desenvolvimento e pela expansão de outra economia à
qual está subordinada. A relação de interdependência entre duas ou mais
economias, e entre estas e o comércio internacional, assume a forma de
dependência quando alguns países (os dominantes) podem se expandir e
serem autossustentáveis, enquanto outros (os dependentes) só podem
fazê-lo como um reflexo daquela expansão, o que pode ter um efeito
positivo ou negativo sobre seu desenvolvimento imediato.
Visitados em 03/09/2010)