terça-feira, 25 de setembro de 2012

Dar o peixe ou ensinar a pescar?

ou

Quem tem fome tem pressa?


Meus queridos, adorei a percepção que muitos de vocês tiveram no meu post sobre a Crise de 1929, acerca das consequências da falência da crença do self made man liberal e como essa descrença provocou uma desorganização nas identidades individuais e sociais nos EUA da época.

Podemos perceber o vigor dessa premissa liberal ainda nos dias de hoje, pois resiste em muitos de nós a ideia de que o trabalho, seja como for, é o que dignifica o homem. Infelizmente temos uma definição dessa dignidade construída às avessas: O homem digno só se faz a partir do trabalho que, por sua vez, só é visto como tal quando se integra às necessidades do mundo do capital.

Por conta de tudo isso, procurei alguns documentos que podem ajudar a nossa reflexão coletiva. Leiam e continuem participando!


  • Vejam o que diz esse historiador:  http://www.espacoacademico.com.br/085/85vianna.htm






  • Agora, comparem a ideia de trabalho que está presente nessa canção. Será que o significado para o trabalho o mesmo que leva o candidato republicano a desmerecer quase metade da população dos EUA? E qual será o motivo para o desemprego e a necessidade de viver contando com a ajuda do Estado?









segunda-feira, 3 de setembro de 2012

O Brasil em meio a crise:

os anos 1930

 
A década de 1920 tinha trazido críticas ferrenhas aos fundamentos da república liberal brasileira. Os setores oligárquicos (agrário-exportadores) sofriam com os movimentos de oposição que vinham de fora (camadas médias urbanas, operários, militares de baixa patente, intelectuais e artistas) e de dentro do próprio grupo (as oligarquias dissidentes).
 
 
A esse contexto se une a crise internacional do liberalismo. Estava formado o cenário para eventos que modificariam muita coisa da sociedade brasileira.
 
 
Um dos historiadores responsáveis pela sistematização e interpretação desses  acontecimentos é Boris Fausto. Em seu livro, A revolução de 1930: história e historiografia, publicado pela   primeira vez em 1970, ele discute as explicações existentes à época acerca desse movimento e, ainda hoje, é utilizado como referência.
 
 
Veja parte da entrevista que o autor deu ao Centro de Pesquisa e Documentação da Fundação Getúlio Vargas (CPDOC/FGV), em 2010, quando se comemorou 80 anos da Revolução de 1930.
 
Além do conteúdo sobre os eventos daquele ano, perceba como se constrói a narrativa historiográfica sobre o passado. A objetividade possível, construída a partir das fontes, dos vestígios, que se abre a crítica, ao contraditório de seus pares, mas, que está marcada pelas questões de seu próprio tempo.
 
Identifique esses elementos. Reflita e nos brinde com os seus comentários.
 
 
 
 Glossário
 
CEBRAP: O Centro Brasileiro de Análise e Planejamento foi fundado em 1969 por um grupo de professores universitários, parte dos quais afastados das universidades pela ditadura militar. Desde então o foco principal da instituição tem sido a análise da realidade brasileira, através de pesquisas nos diversos ramos das ciências humanas. 
 
TEORIA DA DEPENDÊNCIA:  
A Teoria da Dependência surgiu no quadro histórico latino-americano do início dos anos 1960, como uma tentativa de explicar o desenvolvimento sócio-econômico na região, em especial a partir de sua fase de industrialização, iniciada entre as décadas de 1930 e 1940. Em termos de corrente teórica, a Teoria da Dependência se propunha a tentar entender a reprodução do sistema capitalista de produção na periferia, enquanto um sistema que criava e ampliava diferenciações em termos políticos, econômicos e sociais entre países e regiões, de forma que a economia de alguns países era condicionada pelo desenvolvimento e expansão de outras.
Em um artigo clássico, A estrutura da Dependência, publicado em 1970 na revista American Economic Review, Theotônio dos Santos conceitua a dependência como sendo uma situação na qual a economia de certos países é condicionada pelo desenvolvimento e pela expansão de outra economia à qual está subordinada. A relação de interdependência entre duas ou mais economias, e entre estas e o comércio internacional, assume a forma de dependência quando alguns países (os dominantes) podem se expandir e serem autossustentáveis, enquanto outros (os dependentes) só podem fazê-lo como um reflexo daquela expansão, o que pode ter um efeito positivo ou negativo sobre seu desenvolvimento imediato.
Visitados em 03/09/2010)
 


A Crise do Liberalismo (1929)

O crack da Bolsa de Nova York, ocorrido em 24 de outubro de 1929, teve origem em uma grave crise econômica nos EUA. A interdependência das economias capitalistas e o papel econômico hegemônico assumido por esse país no pós I Guerra Mundial explicam a repercussão mundial dessa crise.

Para além das análises acadêmicas, outras linguagens foram utilizadas na leitura dos acontecimentos de 1929 que levaram milhões de pessoas ao desemprego e à miséria e todos os setores da economia capitalista a ondas de falência sem igual.

Vejam os documentos abaixo. Quais as facetas dessa crise que eles iluminam? Que outras facetas você privilegiaria?

"Tomei consciência pela primeira vez do problema do desemprego em 1928 [...] Lembro-me do choque, do espanto que senti quando pela primeira vez me misturei com vagabundos e mendigos, ao descobrir que uma boa parte, talvez uma quarta parte dessa gente [...] eram mineiros e colhedores de algodão, jovens e honestos, contemplando seu destino com aquele assombro estúpido de um animal que caiu numa armadilha. Simplesmente não conseguiam entender que acontecia com eles. Tinham sido criados para trabalhar, e - vejam! - era como se nunca mais fossem ter a oportunidade de voltar ao trabalho. Nessas circunstâncias, era inevitável, no início, que fossem perseguidos por um sentimento de degradação pessoal. Tal era a atitude para com o desemprego naquele tempo: era um desastre que acontecia a você como indivíduo e a culpa era sempre sua[1]
 "Os estados ocidentais inquietam-se sob os efeitos da metamorfose incipiente. Texas e Oklahoma, Kansas e Arkansas, Novo México, Arizona, Califórnia. Uma família isolada mudava-se de suas terras. O pai pedira dinheiro emprestado ao banco e agora o banco queria as terras. A companhia das terras - que é o banco, quando se ocupa dessas transações - quer tratores, em vez de pequenas famílias nas terras. Um trator é mau? A força que produz os compridos sulcos na terra não presta? Se esse trator fosse nosso, não meu, nosso, prestaria. Se esse trator produzisse os compridos sulcos em nossa própria terra, prestaria, na certa. Não nas minhas terras, nas nossas. Então, aí sim, a gente gostaria do trator, gostaria dele como gostava das terras quando ainda eram da gente. Mas esse trator faz duas coisas diferentes: traça sulcos na terra e expulsa-nos delas (...). Há que pensar sobre isso."[2]
A crise chega ao Brasil

Investidor falido vendendo seu automóvel por cem dólares


[1] Fonte: Orwell, George. "O Caminho para Wigan Pier", in: "História do século XX". São Paulo, Abril Cultural, 1974, vol. 6, p. 1351
[2] STEINBECK, John. "As Vinhas da Ira." São Paulo: Círculo do Livro /s.d.



A alegria não chega apenas no encontro do achado, mas faz parte do processo da busca. E ensinar e aprender não pode dar-se fora da procura, fora da boniteza e da alegria. (Paulo Freire - 1996)


... uma escola que transforme seu modelo (e sua práxis) de comunicação, isto é, que torne possível a transição de um modelo centrado na sequência linear – que encadeia unidirecionalmente graus, idades e pacotes de conhecimento – a outro descentrado e plural, cuja chave é o encontro do palimpsesto e o hipertexto. (Jesús Martín-Barbero - 1998)

 
Olá, meus alunos! 

Sejam bem vindos ao Blog “Exercícios de História”. Este é um espaço que pretende ser construído coletivamente e produzir conhecimento de forma colaborativa. Espero contar com vocês nessa tarefa.
Todos estão convidados a “abandonar o modelo centrado no falar-ditar do mestre e colocar em seu lugar a provocação à participação, à colaboração, [sendo desejáveis] permutas, associações, simulações, reformulações e modificações na mensagem”. (SILVA, 2010).
A única regra é a responsabilidade para com as fontes e informações verossímeis. As dúvidas, as incertezas são muito bem vindas! Buscando, coletivamente e de forma responsável, as respostas, produzimos conhecimento
Assistam ao vídeo abaixo e me digam se conseguem ver no exercício desenvolvido pelo músico Bobby MacFerrin alguma relação com a proposta apresentada?


 
Referências bibliográficas
Freire, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa / Paulo Freire. – São Paulo: Paz e. Terra, 1996
Silva, Marco. Sala de aula interativa. São Paulo: Edições Loyola, 2010.
Martín-Barbero, Jesús. Nuevos regímenes de visualidad y des-centramientos culturales. Bogotá (Colômbia), 1998. Apud. Silva, Marco. Op. cit.